Qualidade sobre quantidade, assim diz o ditado. Com tantos conceitos flutuando em torno da profissão do arquiteto, pode ser difícil manter-se em dia com todas as ideias que você espera saber. Mas, na arquitetura e em outras áreas, as ideias mais memoráveis são, muitas vezes, as que podem ser condensadas textualmente: "a forma segue a função", "menos é mais", "menos é uma chatice". Embora com pouco mais de três palavras, a seguinte seleção de textos que não demora muito para ser lida, mas proporciona lições duradouras e oferece a você a oportunidade de preencher lacunas em seu conhecimento de forma rápida e eficiente. Cobrindo tudo de Scott Brown a Adolf Loos, o público ao doméstico, e da cor à fenomenologia, veja oito textos em inglês para colocar em sua lista de leitura:
1. Planning the Powder Room, por Denise Scott Brown
Um texto pouco lido da coautora do seminal Aprendendo com Las Vegas, é esse ensaio espirituoso de Denise Scott Brown. Escrito em 1967, mas ainda muito atual, o ensaio tece uma crítica honesta sobre os banheiros públicos, em uma perspectiva feminina. Scott Brown mostra como simples práticas de projeto podem acabar com as impraticabilidades cotidianas facilmente provocadas por arquitetos masculinos sem conhecimento. O ensaio mostra como os toaletes também são dignos de projetos bem pensados, e que isso deve ser uma prioridade. O ensaio começa na página 81 da edição de abril de 1967 do AIA Journal que, juntamente com uma extensa seleção dos arquivos do AIA Journal, pode ser lido no ncmodernist.
* Ainda não há tradução em português para esse texto.
2. Ornament and Education, por Adolf Loos
Adolf Loos foi prolífico em sua escrita arquitetônica, publicando muitos artigos emperiódicos e jornais, com Ornamento e Crime sendo o mais famoso. No entanto, Loos teria se desencantado pelo alarde e radicalização de uma postura estritamente anti-ornamento. Querendo distanciar-se e esclarecer sua própria posição, posteriormente ele escreveu Ornamento e Educação. Publicado 14 anos após Ornamento e Crime, Loos rejeita aqueles que interpretaram mal seu ensaio original para explicar que o "ornamento deve ser sistematicamente e consistentemente eliminado." Dando uma visão mais holística do que o anterior, reafirma que "os povos modernos, com nervos modernos, não necessitam do ornamento ", embora reconheça que "o ornamento clássico traz ordem na forma de nossos objetos ou uso cotidiano." O ensaio em inglês foi incluído por Ariadne Press neste livro de ensaios selecionados.
* Ainda não há tradução em português para esse texto.
3. Short Stories: London in two-and-a-half dimensions, por CJ Lim
Os dez contos desta coleção tecem imaginativamente narrativa e arquitetura. "O propósito deste livro é demonstrar que a representação arquitetônica não precisa ser uma ferramenta neutra... que há alternativas aos métodos redutores de trabalho na prática arquitetônica contemporânea", introduz CJ Lim. A combinação perfeita do real e do irreal, arquitetura e ficção, modelos e texto, resulta em uma das mais agradáveis leituras arquitetônicas.
* Ainda não há tradução em português para esse texto.
4. Por um regionalismo crítico, por Kenneth Frampton
Recorrendo a artistas como Hannah Arendt, Paul Ricœur, Walter Benjamin e Martin Heidegger, Kenneth Frampton explora o papel da arquitetura na proliferação de uma "ausência de espaço universal" através da luz artificial e transformar a terra em tabulas rasas. Essas são apenas algumas das consequências do que Frampton identifica como a polarização da arquitetura entre uma abordagem de "alta tecnologia" baseada exclusivamente na produção e a provisão de uma "fachada compensatória" para encobrir as duras realidades deste sistema universal. "Em seis pontos salientes, o argumento para o regionalismo crítico é feito, oferecendo uma arquitetura que valoriza aspirações universais e o contexto geográfico, ao invés de "a tendência ocidental de interpretar o ambiente em termos exclusivamente perspectivistas". O ensaio completo pode ser lido aqui, cortesia da Universidade de Harvard. percepção na arte tem um fim em si e deve ser prolongado." Esse autor, do formalismo russo,sugere ainda que se utilize a desfamiliarização, ou estranhamento, com a intenção de tornar aprópria e verdadeira linguagem visível, combatendo sua familiarização, ou seja, sua leituraautomatizada. Novamente por meio de uma analogia linguística, o conceito formulado por Shklovsky pode ser traduzido para arquitetura como a incorporação de elementos regionais selecionados naarquitetura por meio do "estranhamento"e não por "familiaridade". Estes elementos seriamselecionados por suas potencialidades de funcionar como apoio físico aos contatos humanos e àcomunidade (elementos "definidores do lugar") e seriam percebidos na medida em que elespareçam distantes, difíceis de apreender. Ou seja, o regionalismo crítico propõe que se trabalheos elementos regionalistas, de identificação das sociedades com o seu meio o mais implicitamentepossível, elevando a relação do homem com o edifício à um outro nível de diálogo. Esta formade pensar o regionalismo contrapõe outros regionalismos na mesma linha de raciocínio, comoexemplificam os autores no caso do regionalismo romântico , "apesar de sua postura deconfronto, empregou a familiarização. Selecionou elementos regionais associados na memóriacom épocas passadas e inseriu-os em novas edificações, construindo contextos cenográficos paradespertar afinidade e simpatia no observador, formando cenas familiares que, apesar decontrastarem emocionalmente com a despótica arquitetura atual, insensibilizavam a consciência.
* Em português o texto pode ser lido no livro .Uma nova agenda para a arquitetura. Antologia teórica (1965-1995), organizado por Kate Nesbitt e publicado pela editora Cosac Naify, em 2006.
5. How to Colour, por Lisa Robertson
"Somos nós que causamos essa agitação chamada cor. No entanto, não podemos controlá-la. Quando pisamos em falso contra limites, nós coramos. Desproporção e fragilidade são vergonhosas e engraçadas", escreve Lisa Robertson. Parte história do discurso cromático, parte ficção literária, o ensaio é um olhar refrescante no mistério e afeto da cor. How to Color é apenas um dos muitos ensaios curtos sobre edifícios, espaços, lugares, artes e interações cotidianas com o ambiente no livro de Robertson Ocasional Work and Seven Walks, do Office for Soft Architecture. O livro completo, com uma versão gratuita em PDF de código aberto, em inglês, pode ser encontrado aqui.
* Ainda não há tradução em português para esse texto.
6. The Eyes of the Skin, por Juhani Pallasmaa
Figurando em muitas listas de leitura de primeiro ano de faculdade de arquitetura, The Eyes of the Skin é digno de uma leitura adequada, apesar de sua posição clichê incompreendida na literatura arquitetônica. O livro é escrito com grande legibilidade, revelando os laços entre a arquitetura e nossos próprios corpos, memórias, sentidos e tempo, quase informalmente. Para uma palavra, a fenomenologia é longa, mas para um livro, Eyes of the Skin não é - tornando-o o texto perfeito para revisitar. Uma digitalização do livro está disponível para ler online, cortesia da Universidade da Califórnia, Berkeley, aqui.
* Ainda não há tradução em português para esse texto.
7. In Praise of Shadows, por Junichiro Tanizaki
Publicado em 1933, o ensaio de Junichiro Tanizaki permanece relevante, se não mais carregado de sentido, na sociedade cada vez mais multicultural de hoje. Ao considerar sombras, a luz é derramada sobre as influências culturais que todos os consumidores cegamente aceitam. Tanizaki poeticamente usa a estética japonesa como uma lente para discutir a arquitetura, os objetos e a cultura asiática. O ensaio em inglês pode ser lido online graças à Escola de Artes Visuais, ou o livro, com um prefácio de Charles Moore e um posfácio analítico de Thomas J Harper, pode ser comprado aqui..
* Ainda não há tradução em português para esse texto.
8. Window, por Beatriz Colomina
É de conhecimento geral que Le Corbusier é uma figura "polêmica" do mundo da arquitetura, e ninguém explica isso melhor do que Beatriz Colomina. Em Window, , um ensaio especialmente acessível em Privacy and Publicity: Modern Architecture as Mass Media, Colomina utiliza a janela e os estudos de caso de Le Corbusier para discutir o público, o privado, a representação de edifícios e a representação das mulheres.
* Ainda não há tradução em português para esse texto.